quarta-feira, 13 de novembro de 2013

De um jeito ou de outro

Não há nada demais para ser escrito, todas as boas histórias de amor, todas as aventuras em mundos distantes, todos os personagens com doenças graves já foram inventados por escritores melhores que eu. Penso que até mesmo minha história já está traçada em algum lugar e não há nada que eu possa fazer a respeito.
Queria ter escrito Alice no País das Maravilhas, O retrato de Dorian Gray, a fábula da cigarra e da formiga, qualquer coisa já lida por um círculo maior que os meus 10 amigos. Queria ter escrito histórias paranormais como Stephen King, queria ter feito os romances policiais de Agatha Christie, queria muito ter te dedicado aquele poema de amor que nunca fiz, apenas por não ser capaz de fazê-lo.
Não há nada para ser escrito porque os grandes homens e mulheres da história já tiveram suas biografias escritas, todos os bons livros já foram adaptados para o cinema e meus personagens morrem assim que os declaro vivos.
Eu, mera mortal, com um QI abaixo de zero e um desânimo capaz dar inveja a Florbela Espanca,  não tenho nada para escrever, nada de grandioso para dedicar à humanidade e é por isso que, de um jeito ou de outro, escrevo. 

sexta-feira, 18 de outubro de 2013

O troço esquisito chamado amor






Não sei o que é pior,  se são aquelas pessoas que viram a cara após o sexo numa tentativa vã de não demonstrar afeto, ou se são aquelas que insistem burramente em dizer: “eu te amo”, ainda que não na tentativa de amenizar o desconforto.

Não, eu acredito que seja um terceiro tipo, aquele que diz o tal “eu te amo” de uma forma retraída e dissimulada e em um determinado momento resolve retificar o erro  dizendo: “eu não te amo, apenas...” e escolhe um de uma série eufemismos que vão do “estou apaixonado” ao simples “gosto”. 

E o que esses seres esperam? Que transformemos em nosso objetivo de vida fazê-los cair de amor por nós e irromper numa cachoeira de lágrimas com a simples menção de nossa partida? Ou suspirarem pelos cantos com um ar aparvalhado numa inevitável idolatria de nossa imagem?

Ok, não sejamos tão radicais. O fato é que toda a problemática existente nas relações de afeto decorre do quão complicada pode ser a concepção dessa palavrinha minúscula chamada “amor”. Daí se o seu conceito diverge do conceito dele(a)(s)... fudeu. Se você define amor como uma categoria específica de martírio e se o seu amor é uma espécie abestalhada dos livros de romance, enquanto que o dele(a)(s) é apenas estar junto enquanto estiverem juntos... fudeu bonito.

O mais legal, é que em geral, ninguém sabe como definir seu próprio “amor” e quando acha que sabe, por vezes, o seu conceito de amor varia ao longo do tempo de acordo com suas experiências. Daí de uma interpretação do possível amor do outro segundo suas próprias convicções surgem os pensamentos mais incríveis ao escutar “eu te amo” e os diálogos mais absurdos. Veja se esta situação não lhe parece familiar e ridícula:

Pessoa 01:
- Eu te amo.
Pessoa 02:
- Ahn (grunhidos estranhos), obrigada.

Amor meus caros, se é que isso existe, é uma coisa que foi inventada para confundir a cabeça do ser humano e aumentar a taxa de suicídios. A­­ verdade é que não existe uma fórmula pronta, mas se tem uma coisa que ajuda é encarar os próprios sentimentos com naturalidade não se esforçando a parecer aquilo que não é. E a verdade é que na maioria das vezes você não é aquela pessoa fodona e indiferente que não cria expectativas, geralmente você é a parte que se apaixona e se fode no final, aprender a aceitar isso é legal.

Então, se querem sabe o que penso de verdade (pelo menos por enquanto) é que o amor está naqueles que não se preocupam em defini-lo, pois estão pouco preocupados com as cargas que ele possa infligir. Por isso, talvez, eu prefira a definição indefinida de Camões: “É ferida que dói e não se sente, é um contentamento descontente, dor que desatina sem doer”. Ou ainda mais poeticamente: “é um tédio sem remédio, é um prédio desabando”.

Daí, concluo, com minha própria definição indefinida dizendo que: o amor é mais que atração física, é um troço esquisito que dá na alma.

sábado, 20 de outubro de 2012

Mulher interesseira:
o mito que me querem enfiar goela abaixo à qualquer custo

Vejo todo mundo falando dessas mulheres interesseiras que só querem passear de carro. Mas nunca vi uma de perto. Ao meu lado só passam mulheres lindas e atarefadas andando a pé, de patins, na ciclovia, pegando um táxi, tirando a carteira. Já essas mulheres interesseiras que tanto dizem... Duvido, acho que é mito.

Talvez quem, sabe, se eu procurar bem muito eu ache. Se eu achar, quem sabe, seja só o reflexo de uma sociedade inteirinha moldada em interesses que estipula tantas moedas de troca. Querer passear de carro é uma ambição tão pouca que bem pode ser perdoada.

**Se mulheres são interesseiras por preferirem um homem de carro, o que dizer dos homens que querem se relacionar somente com as "beldades"? Interesse por interesse, todo mundo é interesseiro...
E tenho dito.

segunda-feira, 5 de março de 2012

Elas gostam dos canalhas ou só não preferem você?

Aviso: esse post pode ser mal interpretado e soar em tom agressivo!

Sou legal, não tô te dando mole.

Não é a primeira nem a última vez que escuto a pergunta (afirmação) odiosa: “Por que as mulheres preferem os canalhas?”, como ela tem se tornado mais recorrente nos últimos dias e eu já não consigo ignorá-la tive que falar a respeito.
Antes de tudo, aqueles que a utilizam deveriam saber que essa pergunta-afirmação é de um vitimismo absurdo e soa aos nossos ouvidos como a tão criticada: “Por que nenhum homem presta?” deve soar aos deles. O mais incrível  é que quem geralmente faz essa pergunta se considera um "bom moço” e foi recentemente rejeitado. Fazem queixas do tipo:
- Sempre tratei bem as mulheres, mandei flores, fui gentil e elas simplesmente me ignoraram. Elas gostam mesmo é de ser maltratadas.
E eu sinto uma coceirinha na garganta, uma vontade enorme de dizer:
- Você já considerou a possibilidade de não ser tão interessante? Dela não sentir um pingo de atração por você? De você não inspirar nenhum pouco de tesão?
Não, eles nunca consideram essa possibilidade. E lá vai uma pequena história da minha adolescência.
Um dia, quando era guria, um amigo me disse que estava interessado em mim. Eu lhe disse que não rolava, que não estava a fim e que era só amizade. No outro dia me chega um buquê de rosas vermelhas com um bilhetinho, fiquei roxa de vergonha quando fui receber. E eles ainda têm a audácia de me dizer que NÓS É QUE SOMOS COMPLICADAS?
Desde então se tornou um carma. Não houve uma única vez em que disse não e que o cara interpretou como... Érr... Não?  Eu juro que tento ser educada, principalmente quando se trata de amigos. Afinal, quem gosta de magoar os sentimentos alheios? Mas notei que nada que digo funciona, por mais que sejamos objetivas quando dizemos NÃO!  Somos mal interpretadas. “É cu doce.” “É metida”. Não é não, porra! (Eu juro que tento ser o mais gentil possível.)
Tanto que quando meus amigos me fazem a odiosa pergunta supracitada eu controlo o meu ódio mortal e minha vontade de finalmente usar minha hanzo e simplesmente digo com toda a paciência do mundo:
- Olha, para mim ser um cara legal não é suficiente. “Esses caras” costumam se sentir injustiçados de alguma forma quando não são preferidos e acomodam-se. Acham que fidelidade, companheirismo e amizade basta quando na verdade isso é o básico. E é o mínimo que esperam de uma mulher.
E é isso. O fato é que ser “boazinha” é dado como uma obrigação às mulheres. Ser gentil, não trair, cuidar dos filhos, enfim.  Enquanto que para eles é dado como uma qualidade inestimável. Ohh, que lindo! Ele é um pai presente e limpa a bagunça que faz. (grandes bufa, não faz mais que a obrigação). Porra, desde quando respeitar a vontade do outro é qualidade? Pra mim é um principio básico da convivência humana. Ser legal não é critério que inicie romances. E eu me pergunto quando foi que o mínimo de respeito se tornou um privilégio a ser concedido para poucas?
“Elas querem um príncipe, mas não se comportam como princesas.” É o que eu leio a torto e a direito nos murais do facebook. Acho engraçado quando vejo algum amigo ateu compartilhando isso. Porra, quer dizer que o cara questiona a existência de deus, mas acredita em conto de fadas? Que ironia!
As coisas são bem simples. Pra que complicar? As pessoas se envolvem com aqueles com que se sentem a vontade, ou pelo menos deveria ser assim. Há monogâmicos, solteiros, casados, livre de relacionamentos abertos, semiabertos, indefinidos, fechados, circunferências, triângulos e o diabo à quatro. Há muita gente diferenciada no mundo, para existir uma fórmula certa de existir. Vai procurar sua turma, pô.
Se alguém procura um relacionamento amoroso pouco importa um padrão coletivo, pois ele busca uma individualidade. Não há sentido em definir um padrão quando o que se quer é um ser em específico que compactue dos mesmos gostos e ideias. Não há sentido em dizer que as mulheres preferem os cafajestes e que se tornaram fáceis, mas que eles buscam o amor. Meu santo desconfia. Aqueles que estipulam um padrão moral muitas vezes não estão dispostos a segui-lo.  Se eles fazem é porque querem desfrutar da liberdade, mas não querem permiti-la. Não aceitam estar em segundo plano, mas querem deixa-las em segundo plano.
E quer saber de uma? Não importa em qual sociedade vive, se pessoas fazem sexo ou deixam de fazer... Se você quer encontrar alguém que te ame de verdade, que não se importe com seus defeitos, que seja amigo, companheiro, que te acompanhe na velhice, que suporte sua manias e que vá morar contigo numa casinha com varanda pequena mas que dá pra vocês dois, acredite: vai ser difícil pra caralho!

domingo, 5 de fevereiro de 2012

Eis o perigo de mexer com pessoas “amadas”

 "King Kong, um macaco que, depois que vai para a cidade e fica famoso, pega uma loira. Quem ele acha que é? Jogador de futebol?"
Recentemente li uma matéria, muito aplaudida por sinal, onde um indivíduo tenta justificar uma piada preconceituosa (sim, é preconceituosa!) e ainda é considerado um gênio por isso. Não consigo enxergar genialidade em uma defesa que por si só é tendenciosa. E sinto pelos meus amigos gênios como Einstein (aquele que diz que é mais fácil desintegrar um átomo que um preconceito) por terem sido rebaixados a um nível tão estúpido. 
Depois de toda a polêmica em torno da piada,o hilário comediante se defende com os argumentos: "Alguém pode me dar uma explicação razoável por que posso chamar gay de veado, gordo de baleia, branco de lagartixa, mas nunca um negro de macaco?"  "Na piada do King Kong, não disse a cor do jogador. Disse que a loira saiu com o cara porque é famoso. A cabeça de vocês é que têm preconceito."
E eu penso cá, com meus botões: É óbvio! Porque não pensei nisso antes? Mas é claro que foi a respeito do interesse pela fama! Quem viu o filme sabe que o King Kong era um animal podre de rico e super amado por todos, é mera coincidência que o maior número de jogadores de futebol no Brasil sejam negros. Claro que não foi pela cor, é por isso que o grande mistério não está em pegar uma loira (oposto ao negro), tendo em vista que a cor da personagem é irrelevante, já que somos todos iguais.
Gostaria de achar mesmo alguém que lhe desse essa explicação razoável, já que é no mínimo intrigante que alguém se ache no direito de fazer piadas com o peso, cor, gênero ou orientação sexual de outrem. Eu suponho que se trata de uma necessidade de chamar atenção por não ter superado o trauma de ter sido chamado de girafa durante a infância, só pode.
Já que segundo ele girafa é um xingamento muito mais ofensivo que macaco, dada a maior capacidade de raciocínio do segundo em relação ao primeiro. Por este pensamento, se alguém chama outro de macaco não se trata de uma alusão a sua aparência física, mas ao grau elevado do QI do indivíduo, é lógico! Trata-se de um elogio e um dos melhores possíveis.
Mas a genialidade do comediante não para por aí, afinal um parágrafo é muito pouco para ser consagrado gênio. O autor faz ainda uma comparação esdrúxula entre a escravidão por raça e a econômica, mesmo tendo iniciado seu texto citando que a diferença entre raças surgiu da imaginação dos escravagistas.  Esqueceu, porém, de dizer que a diferença básica entre estas reside na justificativa da superioridade racial e cultural utilizada pelos colonizadores, além é claro, de guerras internas serem incitadas para que negros vendessem outros negros, já que não se tratava de uma sociedade homogênea como leva a crer. O que é contraditório, pois se considera que estes negros são iguais uns aos outros por serem negros, ignorando suas peculiaridades, está fazendo uma distinção de raças.
Ele ainda se gaba por nunca, em toda sua vida, ter escravizado um negro. Creio que só não o fez dada a situação sócio-histórica em que está inserido. Não se pode ignorar também a sua predileção por essa parte da história, será que é para que as pessoas se identifiquem mais facilmente? Não sei, mas gostaria de lembrar, que a segregação racial não é uma particularidade nossa e de tantos séculos atrás, ocorreu até muito recentemente, 1994, com o regime do Apartheid, além é claro de ser visível e recorrente mesmo em nossos dias.
Além de seu vitimismo por não poder usar a cor preta (estranho porque ninguém o criticou por isso) o autor deturpa os motivos do movimento pela consciência negra. O reduz à simples necessidade de se sobressair quando na verdade trata-se de um protesto óbvio à condição que lhe é imposta. A necessidade de orgulhar-se por ser negro só surge diante da desvalorização deste em uma sociedade em que o negro é reduzido “a cor do pecado” e nunca é associado ao intelecto.
E aí está o perigo de mexer com pessoas amadas, qualquer idiotice que elas disserem será considerada genial e disseminada ainda que sem questionamentos muito profundos. Não se iludam. O autor não defende igualdade de raças, mas o direito de rechaçar pela raça.

terça-feira, 3 de janeiro de 2012

Garotas, nós temos que nos preservar

                Garotas, nós temos que nos preservar.Saliento a ironia expressa neste primeiro período, pois nos preservamos desde que o mundo é mundo. Quando fechamos as pernas ao sentar, quando fazemos os panos de elástico de tanto que os esticamos, quando aos onze anos trocamos os shorts para poder comprar pão na padaria da esquina e vestimos sutiãs com bojo para que não comentem nossos faróis acesos.
                Temos vergonha porque aprendemos a ter vergonha. Enquanto eles são incentivados de todos os modos, somos convidadas a nos preservar. Tudo é nojento. É tabu. Devemos seguir manuais de boa conduta: “Seja sexy, sem ser vulgar”. Não falamos putaria porque somos meigas e singelas, ou pelo menos devemos ser.
                A preservação é uma desculpa.  Não existe preservação, mas cerceamento, pois se elas não se preservam pode-se atacá-las sem peso.Na verdade, abdicamos de nossa liberdade em prol da manutenção de algo que é nosso por direito: a integridade de nosso corpo. A "preservação" seria desnecessária numa sociedade igualitária.
                Não somos humanas, sequer bichos cheios de libido, somos coisas. E se nos romances de José de Alencar ficávamos expostas na janela sujeitas a escolha dos bons partidos (aqueles que pagassem mais) ainda estamos nas vitrines vendendo nosso corpo mesmo longe de Amsterdã. Ainda fazemos sexo sem querer, ainda deixamos de fazer quando queremos. Ainda hoje somos bichos teletransportados de realidades paralelas se não parimos nem casamos, ainda ficamos para titia, não sabemos dirigir, ainda somos burras se bonitas.
                Enquanto criticamos a postura claramente ofensiva da obrigatoriedade de burcas muçulmanas estipulamos um mínimo aceitável para o comprimento de saias ocidentais, ambas para evitar a violência. Que diferença há? Se lá ou aqui não podemos sair desacompanhadas sem ouvir no mínimo uma “gracinha”?
                Recentemente li “O dia em que tive medo de ser mulher”, mas aprendemos a ter medo desde que nos descobrimos femininas, vemos o medo nos olhos de nossas mães, ouvimos confissões de nossas amigas e nos calamos. Quando não tivermos mais medo, não precisaremos nos preservar. Até lá: “qual o tamanho de sua burca?”

quarta-feira, 21 de dezembro de 2011

Minicoisas que alteram a realidade

Estava pensando nas minicoisas que nós fazemos e alteram  não só a nossa realidade como a realidade alheia. Por exemplo, o fato de você esquecer a chave e subir novamente as escadas faz com que você perca o ônibus. Alguém senta no lugar em que você deveria estar e subitamente acontece um tiroteio em que uma bala acerta em cheio o crânio dessa pessoa. Os 2 minutos gastos em recuperar a chave não alteraram só a sua realidade, mas influenciaram drasticamente a realidade de outra pessoa. E então, restam as perguntas que dividem a humanidade, será que foi o acaso, a interferência divina ou o destino? Será que você foi salvo ou o  outro que tinha que morrer ? Será que houve um engano? 
Somos feitos de pequenas coisas, de meros acasos. Creio que não são as decisões grandiosas que escrafucham nossa mente que nos tornam quem somos, mas sim aquelas minímas com as quais não nos importamos e a maioria das vezes nem percebemos.